Sobre o casamento

Esta semana minha amiga contou que vai ficar noiva no ano que vem. Disse que o noivado na India é um acontecimento quase tão importante quanto o próprio casamento. Ainda bem que os pais dela aceitaram o namorado que ela escolheu, e os pais dele a aceitaram também. Há alguns anos atrás os pais dela pressionaram para que ela se casasse, puseram anúncio no jornal (tipo classificados mesmo, lá é assim) e chegaram até a marcar um encontro com um possível noivo, isso claro, depois de consultarem um astrólogo. Por mais antigo que pareça isso ainda acontece na India, em famílias instruídas e de cidades grandes. Mas minha amiga ficou firme e disse que non casaria.

Então vai noivar com o namorado que escolheu. Quando estive na India conversamos sobre casamento. Perguntei se na India as moças também deveriam servir à família do marido após o casamento conforme eu havia lido em um livro sobre os afegãos. Ela disse que sim. Eu disse que não gostaria de vê-la cozinhando e trabalhando para a família do marido como se fosse uma funcionária rebaixada, e sabem o que ela respondeu? "Rita, as mulheres devem servir à família do marido para mostrarem o quanto o amam e gostam de estar casadas com ele, e eu faria isso sem pensar duas vezes".

Então pedi que ela case mas vá morar em uma casa sozinha com ele, e non com a família toda para non ter que trabalhar e cuidar dos idosos da família dele...mas a cultura é outra e para eles é tão difícil aceitar a nossa maneira de ser quanto para nós é aceitar a deles...

Mas já existem moças que nem pensam em casamento, muito menos arranjado, embora sejam meio que mal vistas, ou estigmatizadas como solteironas (lá uma mulher solteira está nesta condição por que ninguém quis, por que tem algum defeito ou algo errado).

No aeroporto vimos um casal jovem de indianos, e minha amiga me disse que eram recém casados. Perguntei como ela sabia, e ela disse que as pulseiras que a moça estava usando indicavam isto. Ela estava vestindo uma calça jeans, camiseta branca e uma quantidade enorme de pulseiras bem fininhas nos 2 braços, vermelhas, brancas e douradas. Sem falar nas mãos tatuadas de henna, tradição das noivas lá. Depois que vi aquela moça, provavelmente saindo para sua lua-de-mel, vestida como ocidental e mantendo as tradições orientais, percebi que por maior que seja a influência externa, principalmente inglesa, a cultura indiana nunca irá se perder, pois os jovens têm orgulho de serem indianos, o que na minha opinião é maravilhoso.
E deu até vontade de casar também hihihihihihi.

O Henrique achou que devíamos comentar sobre os banheiros na India. E muita gente tem me perguntado sobre os banheiros e hábitos higiênicos dos indianos. Bem, funciona assim: existem 2 tipos de banheiros, os banheiros indianos e os banheiros "americanos". Em muitos lugares só é possível encontrar os banheiros indianos, mas em aeroportos e lugares turísticos podemos encontrar o outro, nos lares também. Falando grosseiramente o banheiro estilo indiano é um buraco no chão (com uma louça de banheiro, como esses mictórios que vemos por aí), enquanto o "americano" é igual ao nosso, sem novidades. Se vê de tudo, desde somente uma louça no chão que pode estar imundo até banheiros onde um funcionário alcança papel para secar as mãos e creme hidratante.

Mito: os indianos se limpam com as mãos. Gente, ninguém se limpa com as mãos, sejamos razoáveis! Imagino que essa bobagem tenha surgido quando alguém intelectualmente prejudicado tenha escutado que os indianos comem com somente uma das mãos enquanto a outra é utilizada exclusivamente para lidar com dinheiro e fazer a higiene sanitária (óbvio que com um pedaço de papel né?).

Mas uma coisa é verdade, defecar de pé requer muita prática e habilidade, coisa que graças aos deuses eu e o Henrique non chegamos a experimentar.

Gente, quem quiser mais fotos e menos papo tem também um site só com fotos:
www.flickr.com/photos/eucomivacanaindia

O blog continua sendo atualizado devagarinho e sempre. Obrigada aos que tem nos acompanhado.

DELHI - Jama Masjid

Jama Masjid é a maior mesquita da India. Fica em Delhi e foi idealizada por Shah Jahan, o mesmo que construiu o Taj Mahal. Para entrar é preciso tirar os sapatos. Tem um cara que fica na entrada cuidando os sapatos (ele cobra pra isso). Também non pode entrar com os ombros ou pernas de fora.

A foto da escadaria mostra o lado de fora da mesquita, é a entrada. Passando o arco da entrada se ve a imagem linda do prédio principal e é possível subir na torre para ter uma visão ainda melhor (e vertiginosa) do pátio. Mas non façam como eu e a Dakshata, que subimos na torre sozinhas e fomos quase assediadas pois lá em cima só tinha homem!!! Descemos bem ligeiro e uns quantos desceram atras de nós, ainda bem que lá estava o Henrique e eles viram que estavamos acompanhadas. Somente muito tempo depois, já de volta ao Brasil, fui descobrir que mulheres non devem subir desacompanhadas à torre de Jama Masjid...sei lá por que mas deve ser ofensivo para os muçulmanos, que aliás, se ofendem com tudo!

O Macaquinho do terraço

Por mais maluco que pareça na India macacos andam soltos pelas ruas. Muitos. Fazendo todo o tipo de travessura, subindo nos postes de luz e correndo por aí. Alguns são marginais e roubam as pessoas.

No terraço da casa da Dakshata mora um grupo desses macaquinhos. Esse da foto é um deles. Eu tive que insistir para que ela me levasse ao terraço pra ver os macacos por que ela tem medo, diz que eles são selvagens e podem atacar. Há algum tempo a família estende as roupas molhadas dentro de casa por que os macacos descobriram o quanto é divertido arrancar as roupas do varal e espalhar pelas ruas. O único problema na minha opinião é que Mumbai é quente (muito quente, 40 graus à noite) e non podíamos abrir as janelas pois os macacos poderiam entrar em casa e fazer bagunça. Sim, eles entram nas casas para roubar...comida, roupas, celular, documentos, o que estiver pela frente e chamar a atenção deles.

Eu como boa veterinária que sou poderia passar o dia todo só olhando os macacos brincarem, non é como no zoológico por que eles são livres! São macacos urbanos e felizes! Mas Mumbai oferece outras atrações bem mais interessantes.

Mumbai

Em uma de nossas últimas noites em Mumbai nós jantamos com Dakshata e Jaya no Hard Rock Cafe. Quando chegamos estava tocando YMCA e todos os garçons estavam dançando em cima de queijinhos. A Dakshata falou que sempre que toca essa música eles tem que dançar e é meio que o ponto alto da noite, foi divertido.

O lugar é bem legal, mas o bife...sim , foi lá que nós comemos vaca na India, e vou dizer: que carne bem ruim, dura de verdade, muito difícil de cortar e mais ainda de mastigar. Bem feito, ninguém mandou querer desrespeitar os costumes (a idéia foi do Henrique, sejamos justos).

Depois de Mumbai fomos a Delhi, a Dakshata nos acompanhou por toda a viagem (ainda bem), no avião dois apagaram...eu continuei fotografando tudo, non podia correr o risco de piscar os olhos e perder alguma coisa...

Qutb Minar

A Qutb Minar é a maior torre de tijolos no estilo hindu-islâmico do mundo .
Ela está localizada em Delhi no Qutb complex que é tipo um parque onde existem várias ruínas.
A sua construção iniciou em 1193 e terminou em 1386 (talvez só a duplicação da BR-101 possa bater esse recorde).
O local é muito visitado por turistas indianos e estrangeiros.


















A foto abaixo mostra um guarda fortemente armado com uma varinha para impedir que as pessoas subam na torre, já que era comum os indianos se jogarem lá de cima. Álias, na minha opinião, essa medida deveria ser tomada em todos os monumentos com mais de 5 metros de altura afim de evitar qualquer risco aos visitantes.

Mumbai - Victoria Terminus

Um dos prédios mais bonitos de Mumbai é a estação de trem Victoria Terminus. Também conhecida como Chhatrapati Shivaji Terminus, foi construída pelos ingleses (quase nem dá pra perceber).

Trânsito em Mumbai

A primeira vista o trânsito na India parece caótico (e é). Todos os carros andam por onde querem, não seguem uma fila como aqui. Se tem um espacinho entre 2 carros lá vai um entrar no meio, buzinando sem parar é claro. Eles usam a buzina pra dizer "atenção gente, estou passando", ou "preste atenção que eu não vou dar lugar" ou então só pra fazer mais barulho mesmo.

No meio de tudo isso tem pessoas (muitas), vacas, motociclistas, riquixás, tuc-tuc's, macacos, elefantes, talvez eu tenha esquecido alguma coisa mas o que você imaginar vai ver no trânsito das grandes cidades indianas. E esse carrinho preto na foto é um taxi, todos são iguais a esse.

Mumbai - Taj Mahal Palace Hotel

Do lado de fora do hotel tem umas carruagens para o pessoal passear, o hotel fica em frente ao Gateway of India (um portal enorme de frente para o rio), que deveria estar com todas as luzes acesas para podermos apreciar à noite, mas não estava e por isso não vimos nada e nem pudemos tirar fotos....assim é a India.

The Taj Mahal Palace Hotel - Mumbai

Este é o famoso The Taj Mahal Palace Hotel, o hotel mais luxuoso de Mumbai, que foi atacado por terroristas no final de 2008, apenas 15 dias depois que voltamos. Tivemos muita sorte de poder visitar o hotel antes de ser parcialmente destruído. Todos são revistados antes de entrar e tem que passar por um detector de metais. No primeiro andar do hotel existe uma galeria de lojas de griffe, e no terraço os visitantes podem jantar e tomar café, e foi o que fizemos (veja a foto das mesas e cadeirinhas, é lá). E se sentir saudade da pobreza...é só dar uma olhadinha pela janela!!!!

Mumbai

Pena que estas fotos saíram fora de foco. Mas a idéia é mostrar como as indianas se vestem no dia-a-dia. Prevalece este tipo de roupa (túnica+calça+echarpe) pela praticidade, mas muitas mulheres também usam vestidos compridos com um top por baixo. Pernas e ombros de fora é raro. Tudo sempre muito colorido. Me impressionou que mesmo cobertas da cabeça aos pés as indianas são extremamente sensuais e femininas (e pelo olhinho espichado do Henrique nas ruas acredito que ele concorda comigo) bobas somos nós brasileiras que insistimos em mostrar o máximo possível. Além disso as mulheres indianas por mais simples que sejam não saem de casa sem pintar os olhos com kajal e se enfeitar com jóias, mesmo aquelas que moram nas casinhas mais humildes. Isso mudou minha percepção de vaidade, não tem mais desculpa para o desleixo!

Mumbai (Bombaim)

Mumbai estava com as fachadas das lojas e casas decoradas para o festival de Diwali, que é a celebração da vitória do bem sobre o mal. É conhecido como o Festival das Luzes. Nos dias de celebração do Diwali as pessoas se reunem com amigos, trocam doces caseiros e queimam fogos de artifício.

Os cartazes de propaganda política são esquisitos, não só por serem escritos em sânscrito, mas tenho quase certeza que esse homem está usando uma boa quantidade de maquiagem...vocês não acham? E o que são essas flores junto com ele na foto!!! Ahhh isso me fez lembrar que é bastante comum ver homens andando de mãos dadas na rua, mas e daí, na Argentina também é assim e ninguém faz comentários maldosos (ahã).

E claro: vacas.

Taj Mahal

Ainda no Taj Mahal, atentem para a foto do pilar listrado. Ele parece ter reentrâncias formando ângulos em suas laterais. É pura ilusão de óptica, o pilar é absolutamente liso porém o desenho formado pelas pedras de cores diferentes causa essa impressão.
Também é legal o contraste entre as cores vibrantes das roupas dos indianos e o branco absoluto do Taj, aliás, as pessoas realmente vestem cores na India e é lindo.

Fomos ao Taj Mahal com um guia que tentava fazer tudo parecer romântico, mas eu fiquei com vergonha por ele hihihih. O guia nos deu informações interessantes sobre a construção do monumento. Aliás, o Taj Mahal não é um palácio como muitos pensam, e sim um mausoléu que o imperador Shah Jahan mandou construir para sua preferida do palácio (Mumtaz Mahal). Diz a minha amiga indiana que Mumtaz encheu tanto o saco do imperador por que queria um palácio só para ela que quando ela morreu ele sentiu-se culpado e por isso construiu o Taj. Mas isso tira um pouco da beleza da história. As flores coloridas nas paredes do prédio são todas pedras semi-preciosas que foram incrustadas após um milimétrico trabalho de recortes que nós tivemos a oportunidade de conhecer em uma loja que ainda utiliza este tipo de trabalho artesanal em Agra. As torres que circundam o prédio principal possuem uma inclinação para fora, para que no caso de um tragédia elas não caiam em cima do prédio. O prédio cor de tijolo é o portão de entrada para o Taj Mahal.